quinta-feira, 23 de maio de 2013

MUITO CASAMENTO DEU....

PROFESSORA ISMÊNIA - PESQUISADORA DO INGESC
Blog: http://genealogiaserranasc.blogspot.com.br/2010/10/familias-acorianas-na-regiao-serrana-de.html

... na Coxilha Rica no começo do Século XIX entre as Famílias Arruda, Vieira, Ribeiro, Ramos, Borges,  Camargo, Araujo, entre muitas outras, dando origem às 85 Fazendas Antigas.


Os patriarcas José Domingues de Arruda, Leandro Luis Vieira, Manuel da Silva Ribeiro, Laureano José de Ramos, João Antônio Borges e tantos outros, com suas esposas, foram férteis em suas proles de origem portuguesa ao povoarem a Serra Catarinense, o Continente das Lagens no dizer do pesquisador Licurgo Costa, no aprofundamento em detalhes do Professor Walter Dachs, nas obras de Moacyr Domingues, de Diego de Leão Pufal e do organizador e genealogista Cláudio Nunes Pereira. 


Hoje em dia outras pessoas se dedicam a esse mister histórico e genealógico como por exemplo a administradora Tânia Arruda Kotchergenko, a historiadora Sara Nunes e a Professora Menoca (foto acima) que faz lançamento de seu livro genealógico O Voo das Curucacas nesta sexta-feira (24) na Arena Cultural da Festa do Pinhão. 


Aos poucos a História da Serra Catarinense começa a ser revista, atualizada e recontada a partir dos inúmeros recursos tecnológicos que esses pesquisadores de agora têm à disposição. Com toda certeza muitos tabús e mitos sobre personalidades serranas serão derrubados, surgindo em lugar deles outros cidadãos que, de direito e de fato, deram sua valiosa contribuição e ficaram até agora no esquecimento. 


Longa vida aos/às pesquisadores/as!      

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A GUARITA MILAGROSA DA COXILHA RICA

CORREDOR DAS TROPAS NA COXILHA RICA SENTIDO SUL-NORTE  

SEDE DA FAZENDA GUARDA MOR COM VIDAL RAMOS SENIOR
 NA JANELA À ESQUERDA NO ANDAR DE CIMA



A escolha de Mateus como apóstolo de Jesus causou desconforto nos demais. Onde já se viu chamar um famigerado coletor de impostos para tarefa tão nobre? Ninguém gosta de pagar imposto. Ninguém gosta de fiscal, nem de auditor, nem de cobrador!


O Capitão Mor Correia Pinto escolheu a dedo seu braço direito, Capitão Bento Gurgel, seu sucessor na boléia de Lages, para uma tarefa muito especial: cuidar da Guarita Imperial do Passo de Santa Vitória, onde os tropeiros encostavam o umbigo e esvaziavam a guaiaca no pagamento do ICMS e outros tributos e das enormes tarifas aduaneiras para entrar no sagrado solo catarinense.  Pagando a conta ele poderia receber as bênçãos de São Mateus e o salvo conduto para seguir em frente com sua tropa rumo ao Eldorado Paulista, a Meca dos Tropeiros, a cobiçada Sorocaba, bolsa de valores do mercado de animais de então.

  
Até que chegou o dia derradeiro de Bento Gurgel e sua viúva tomou conta do pedaço. Como toda viúva que quer dar a volta por cima, logo se ocupou de fazer uma reforma na cobiçada guarita – ali era recolhido imposto em on, em off, em cabeças de gado, patacas de ouro, etc. – e contratou o carpinteiro/tropeiro Laureano José de Ramos para a tarefa. Simplificando o causo, logo Laureano deixou de ser carpinteiro/tropeiro para se tornar um dos maiores fazendeiros da Coxilha Rica, comprou a própria Fazenda Guarda Mor da viúva, com Guarita e tudo mais, anexou a ela terras devolutas, e foi comprando terra como ninguém tinha visto algo assim antes. Logo seu filho caçula Vidalzão (O Vidal Sênior) era o representante imperial em toda a Serra Catarinense, dando início a uma oligarquia que haveria de mandar e desmandar em Santa Catarina por quase dois séculos.


Não consta que Laureano tenha chegado com tamanha fortuna para fazer a reforma na Guarita, além de suas ferramentas de ofício. Eis aí o primeiro milagre coxilhim. As águas do Pelotas tinham um poder magnífico de transformar pobre em rico em pouquíssimo tempo. Quem o atravessasse teria uma “santa vitória” econômico-financeira, a sonhada prosperidade garantida. Bastava ter a chave do cofre imperial e a esperteza peculiar a qualquer coletor de impostos. Desde os idos tempos de Mateus!



COMENTÁRIOS:

Olá Primo!

É sempre divertida a leitura de seus artigos e fácil encontrar o (os) alvos de suas "dizeduras" .

Ficção à parte, ao menos a mim causam "incômodos de ansiedade" a detecção de diversos equívocos, maldizeres e mitos que foram  construídos e perpetuados à margem da verdade histórica de nossa terra e de nossa gente. É pena, pois o leitor mal informado pode proseguir perpetuando os equívocos e nào alcança todo o potencial de criaçào do texto que se propõe à ironia. Quem desconhece a história não tem subsídios para uma releitura crítica da história a partir dos textos que você constroe.

Existem diversas informaçòes neste texto de hoje, que eu gostaria de saber onde você obteve:

a) Que Bento do Amaral Gurgel estivese alguma vez à frente do Passo de Santa Vitória.

b) Que Correia Pinto tinha poderes para escolher/designar o responsável pelo Passo de Santa Vitória ( autoridade para o recolhimento de impostos).

 e) Que Laureano comprou a Fazenda Guarda Mor ( e ainda mais, que a tenha comprado da viuva de Bento do Amaral Gurgel).

f) Que Laureano tenha comprado/possuido outras fazendas além da Guarda Mor.

g) Que Laureano tenha sido um dos grandes propietários de terras de Lages.

h) Que Laureano tivesse exercido ofício de carpinteiro (que esta tivesse sido uma das formas de seu sustento ainda que secundáriamente)

i) Qua alguém da N Sra dos Prazeres das Lages tenha enriquecido com atividades ligadas à arrecadação de impostos nos antigos "Passos".

Para cada um dos itens acima que você me informar a fonte de  onde tirou suas informaçoes (para construir o seu artigo) eu prometo retornar um pequeno texto com as minhas fontes e respectivas "antigas e esquecidas verdades", ok?

Eu, de minha parte, nào creditaria "milagres"de prosperidade lá na Coxilha Rica a São Mateus.  Os principais créditos eu daria a Santo Antonio (casamenteiro) e a São Francisco (protetor dos animais).

Oi Prima,

Tudo na santa paz?

Vamos às fontes: A maioria das ironias foram baseadas na revista e no livro ilustrados Abra e Ache, editados José Gualberto G Costa acerca da Coxilha Rica. A maioria ds textos são do Procurador da República Nazareno J Wolff (fazendeiro da Coxilha e dono do Shopping em construção na BR 282) com base em dados fornecidos pela D. Lia Ramos (Turismo). Os versos são do Coronel Tiarajú (Ex-10º BEC e Ex-Secretaria de Obras de Lages) e as fotos de Márcio Ávila, Eliane Wolff e do próprio Nazareno.

Não conheci o José Gualberto, mas os demais escribas e suas fontes são portadores de, digamos, fé pública. As demais fontes foram o Volume II de Genealogia Tropeira e as informações que você me repassou sobre nossos antepassados. Juntei vários fragmentos e não tenho a mínima preocupação com o rigor histórico. Isso é tarefa para hiotoriadores e genealogistas. Eu sou apenas um crítico e humorista. Tenho dito. Amém!

Acaso você não tenha essa revista e esse livro ilustrados posso enviar-lhe uma cópia. Já os procurei para aquele amigo meu lá de Santarém e não os localizei nem no Sebo Marechal. É só me pedir.

Não existe milagre de nenhum santo. Usar o nome desses santos é apenas força de expressão textual para chamar atenção. A maioria dos meus leitores são místicos, como mística é a maioria da população mundial. É de domínio público o enriquecimento de fiscais e coletores de impostos em geral. Lá no Passo de Santa Vitória seria diferente? Basta ver a existência das mais de 80 Fazendas Antigas ao longo do Corredor das Tropas e suas ramificações. De onde saiu o $$$$ para fazer tudo aquilo?  

Bom domingo e boa semana!

José Carlos      

Então primo, aos fatos e documentos,

Quanto aos Registros e coleta de impostos de transporte de gados e outras mercadorias: Eram arrematados publicamente, na sede das respectivas Capitanias pois vencia quem oferecesse o maior valor e tivesse "cacife" para também pagar a vultuosa fiança que era exigida nestes casos. Em Lages sempre foram arrematantes pessoas de fora, sem ingerencias de Correia Pinto ou de  Bento do Amaral Gurgel. Ao menos até 1820 enquanto Lages pertencia a São Paulo e que é meu período de pesquisas. Depois de 1820 pouco sei sobre o assunto impostos mas já entào passaram a existir as Coletorias tocadas por funcionários públicos.

Estou preparando um texto que relata quem foram os arrematastes , por ordem cronológica, destes antigos mais antigos Registros de Lages e arredores (Santa Vitória, São Jorge, Castelo, Patrulha, etc..).

Um dos melhores trabalhos de pesquisa (em doctos originais) já realizados sobre estes Registros e que cita inclusive alguns dos nossos de Lages  é o do link abaixo, que muito recomendo a leitura.  A leitura deste material atende a respostas  para os item "a", "b" e i" " do meu e-mail anterior.


Miranda,Marcia Eckert.. A estalagem e o império: crise do Antigo Regime, fiscalidade e fronteira na Província de São Pedro (1808-1831). Campinas,SP: [s/n], 2006. Tese (doutorado) - Universidade federal de Campinas, Intituto de Economia.".
p.82
"No entanto, esse predomínio de contratadores não residentes não significou a exclusão completa dos negociantes da Capitania de São Pedro das rematações, ainda que em sociedade com negociantes sediados no Rio de Janeiro. Esse foi o caso do Capitão Manuel Antônio de Araújo, morador de Porto Alegre, que rematou o contrato dos Registros de Viamão e de São Jorge das Lages entre 1776-1781 e dos registros de Viamão e Santa Vitóra no triênio de 1782-1784 em sociedade com o Capitão Manuel de Araújo Gomes e com o Dr. Lourenço Ferreira Ribeiro. No triênio de 1803 a 1805, outros residentes na capitania, o Capitão André Álvares Pereira Viana e o Capitão Antônio José Martins Bastos remataram o contrato dos registros em sociedade com dois comerciantes do Rio de Janeiro.."."

Eu ëngoli os itens c e d no meu e-mail.

Para o item "e" a resposta é a seguinte:

Laureano não comprou a Guarda Mor, e óbvio que muito menos da viuva do Gurgel. A Guarda Mor foi obtida por posse de terras devolutas, posse essa já registrada em relatório de 1820 existente lá no DAESP, SP:
Oliveira, Baltazar Joaquim de Oliveira, Tenente Comandante, Bens Rústicos de Lages em 1820, DAESP, n. de ordem CO 9869in Revista ABRASP 6. Marcelo Meira Amaral Bogaciovas, Nota 104, pag. 54-55.
"Trancrito por Marcelo Meira do Amaral Bogaciovas em Revista ABRASP n. 6.".

"Laureano José de Ramos (nota 104) era senhor de uns campos denominados Guarda Mór , cujos campos obteve por devolutos e tinha de frente meia légua e de fundo três Léguas. Tinha cultivado com animais vacum e cavalar, custeando com gente alugada. Confrontava-se por uma parte com o Capitão Mor Ignácio de Almeida Leite e por outra com a fazenda de Inácio Antunes."

Mais tarde e a requerimento de D. Maria Gertrudes de Moura (esposa), porque Laureano já era falecido (28/04/1862), foi a posse legitimada, na forma da Lei em vigor, sendo expedido pelo Presidente da Província, o respectivo título de propriedade (cfe Lei de Terras) O processo de Legitimaçào está arquivado no Arquivo Geral do Estado, sob n. 210010, gaveta 439 do AGE (Conforme constou no Livro Coxilha Rica e tenho uma cópia deste Processo e do Mapa feito para aquela regularizacao).

Resposta aos itens "e e f" pode ver lá no meu Blog onde transcrevi (do original ) o Inventário de Laureano.

Ele só possuia a Guarda Mor e nào tinha adiantado nenhuma outra fazenda a qualquer de seus filhos (adiantamentos de legitimas). Até agora nào localizei documentos que comprovem Laureano ter sido dono de outra fazenda além da Guarda Mor. Mas foi importante pecuarista nos seus ultimos anos de vida.

Trato cumprido.

Entào, "inté", e boa semana para vocês! Boa Festa do Pinhão!

Agradecido, pergunto se posso blogar os seus esclarecimentos oficiais abaixo. Essa dialética entre nós dois é muito boa. A ciência nos ajuda a clarear as coisas, mas essa não é a minha preocupação. Minha fixação é no pitoresco, nas entrelinhas, mesclando ficção com realidade. Até porque a verdade é relativa, existem muitas verdades e grandes mentiras históricas para favorecer os mais fortes e vencedores. Sob essa ótica vejo os Ramos da Coxilha Rica como bem sucedidos politicamente, e nossos antepassados Arruda, melhor dotados economicamente, como um fracasso em vários sentidos vitais.  Quem nasceu e se criou com água de poço, privada de fundo de quintal, lampeão e lamparina de querosene e luz de velas pode ter uma visão distorcida da realidade lageana. Mas é assim que eu vejo e não tenho a menor disposição em mudar a marca de meus óculos. Quer que lhe envie cópias da Revista e do livro Abra e Ache? Tem fotos e textos sobre todo o Corredor das Tropas, de Viamão a Sorocaba!

Um grande abraço.   

José Carlos

Primo,

O que já está publicado  pode bloguear sim.

Apenas nào gostaria que fossem divulgadas as pesquisas que sào minhas e que ainda nào publiquei e carecem também de um pouco mais de pesquisas para cotejarem-se alguns dados.

Olá Prima,

É admirável sua disposição de pesquisa. Eu não tenho essa tamanha disposição. Apenas gosto de juntar fragmentos de livros, revistas, blogs, etc., para montar meus textos, a maioria deles com uma pitada de fantasia. Como já lhe disse antes, não tenho a menor preocupação com o rigor científico, histórico e genealógico. Prefiro mais usar o que chamo de “aritmética lógico lingüística” (eu mesmo inventei essa coisa) para interpretar os fatos do meu jeito. Por exemplo: A grande maioria dos políticos e fiscais são corruptos. As estatísticas não mentem. Sendo corruptos, logo ficam ricos. Rico mente a dar com um pau para enganar o pobre e para se manter rico. Dedução lógica: Os Ramos eram políticos, ricos e grandes mentirosos! E os Arrudas também!!!

Fiquemos por aqui.

Abração,

José Carlos

"Em Off", é possivel que os jovens Vidalzão e o Coronel dos Coroneis José Maria Domingues de Arruda (esse tinha ouro em lingotes) tivessem alguma diferença de divisas na imensa Fazenda Guarda Mor, onde ficava a "milagrosa" Guarita Imperial sob os cuidados de Vidalzão. O Coronel consumiu um tempão e uma grana medonha para fazer o primeiro "georreferenciamento" da Fazenda, delimitando suas confrontações, e o respectivo registro cartorário em Curitibanos (naqueles idos tempos o cartório era lá). Para arrematar: o pessoal da Família Arruda da Serra Catarinense, mesmo ricos, nunca foram bons políticos. O mais expressivo foi Indalécio Arruda, filho do Coronel José Maria, que chegou a ser Deputado Estadual e duas vezes Prefeito de Lages. Já os Ramos dispensam maiores comentários. Político é político, ontem, hoje e sempre!
 


 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A LENDA DA BRUACA DE OURO

POVOAMENTO DA COXILHA RICA



Conta o poeta militar Coronel Tiarajú, o último Ex Prefeito de Caçapava do Sul (RS), que a lista telefônica de lá tem um aroma especial, magnífico e inconfundível de Arruda. Sim, arruda, aquela erva poderosa que cura qualquer tipo de mal do vivente e tem um dom especial de espantar quebrante, zóiudos, mal olhado, enfim, olho gordo e por aí vai. Em Caçapava tem Arruda e arruda para todo lado que se vá.

Pouco antes do início da Revolução Farroupilha a Família Arruda se dividiu em três grupos: o grupo republicano, que haveria de lutar ao lado de Netto e Bento Gonçalves; o grupo imperial que faria fileiras junto com a tropa do Moringue e a família de José Domingues de Arruda, que não estava disposto a lutar de nenhum dos dois lados. José juntou tudo que possuía, convidou dois amigos para um êxodo rumo Norte pelo Corredor das Tropas trazendo, os três, uma imensa manada de animais e uma mula de José com uma carga especial, especialíssima, cheia de lingotes, seu quinhão de herança deixado pelos seus antepassados bandeirantes do Ciclo do Ouro de Minas Gerais.

Chegando à Coxilha Rica ao atravessar o Passo de Santa Vitória já não havia mais terras por perto disponíveis para venda, pois o carpinteiro/tropeiro Laureano José de Ramos e seu filho Vidal (O Vidal Ramos Sênior) já haviam comprado o que era possível naquela época e anexado terras devolutas à sua Fazenda Guarda Mor. Então José e seus amigos das Famílias Ribeiro e Camargo empreenderam algumas viagens para o Paraná (Castro) a procura de donos de terras adjacentes, sob pena de perderem o rebanho por falta de pastagem.

Numa dessas viagens José encarregou seu filho Joãozinho (de baixa estatura) para fazer a compra de um terreno ali por perto. O proprietário ao ver aquele jovem mirrado disse a ele que o negócio precisava ser tratado com o pai dele. Joãozinho não se deu por pequeno: - Fica tranquilo. Tenho aqui o suficiente para comprar umas dez fazendas do tamanho dessa sua! E tinha mesmo. Lá se foi um lingote da bruaca.
Pouco tempo depois chegava à Coxilha o Frei Rapa Bocó, aquele famoso franciscano encarregado de levantar fundos para a Catedral de Lages que fazia uma reza única para ministrar todos os sacramentos e não perder tempo com ladainha. Ao visitar José Maria Domingues de Arruda, o Coronel dos Coronéis, puxou na sua Bíblia aquela parábola que diz ser ”mais fácil um camelo entrar no buraco duma agulha do que um rico no reino dos Céus”. O susto do Coronel foi tão grande que Rapa Bocó saiu de lá com três lingotes de ouro. Por isso o interior da Catedral tem esse belo aspecto dourado, feito com material e mão de obra de excelente qualidade.
O que não foi consumido da lendária bruaca na compra de várias das Antigas Fazendas da Coxilha Rica, dos Morrinhos e do Cajurú, os descendentes de José Domingues de Arruda gastaram na velha raia dos tropeiros existente num trecho da Avenida Camões no Bairro Conta Dinheiro e nos fechamentos de casas por uma semana no Triângulo, fazendo a alegria das garotas de vida fácil e difícil. Rapa Bocó em lugar de benção deixou uma maldição. Não rapou o bocó do Coronel o suficiente no seu entendimento.           
                  




terça-feira, 14 de maio de 2013

AS FORQUILHAS DO CORREDOR DAS TROPAS

CEMITÉRIO DE MORRINHOS - LAGES SC
 

Ao atravessar o Passo de Santa Vitória, no sentido Sul-Norte, o tropeiro pisava na Terra dos Ramos, a Fazenda Guarda-Mor e logo adiante tinha uma guarita de impostos federais esperando por ele. Ali deixava uns bons e graúdos Mil Réis ou Contos de Réis a depender do tamanho da tropa e uma parte da tropa em “on” e em “off” para escapar das multas dos malvados fiscais e funcionários da famigerada e faminta guarita imperial.

Mais adiante, lá pela altura da Fazenda Limoeiro (atualmente de Dom Raimundo Pinóquio) se encontrava a primeira forquilha do Corredor, que bandeava para à direita, rumo Leste, destinada ao uso daqueles que enveredavam rumo ao Litoral, passando pelo Painel, São Joaquim, Serra da Rio do Rastro até chegar em Tubarão e Laguna.

O caminho seguia em frente na direção da então Vila de Lages até a segunda encruzilhada, quando o tropeiro decidia se iria passar por dentro ou por fora da cidade. Se fosse por dentro tomaria rumo pela esquerda. Por fora pela direita (pelo Cajurú e Guará). Bem adiante os dois caminhos haveriam de se tornar um só. O da esquerda (bem mais tarde BR 2) era mais interessante pelo seguinte: quando chegava em Lages (Av. Santa Catarina) dava de cara com o glorioso Triângulo onde ávidas morenas esperavam ansiosas pelos pilas deles. Se o peão gostasse da brincadeira iria descansar e daria água para a tropa na Cacimba da Santa Cruz e a noitada festiva estava garantida nos dos casebres do chinaredo. Se tivesse “outras” preferências sexuais (estava chegando do RGS) tomaria rumo Leste (Avenida Dom Pedro II) à procura de um barranco para encostar a égua... ou uma prosa compadresca “mais carinhosa” com outro peão mesmo no imenso vassoural (Bairro da Várzea) até clarear o dia e seguir em frente.

Mal aparecia o Sol no horizonte, antes de seguir na longa e demorada viagem rumo ao Mercado de Sorocaba SP, todos os três, um esperando pelo outro, se encontravam na Cancha do Conta Dinheiro para carreiradas – onde as apostas juntavam um monte de dinheiro encima de um pala na Avenida Camões – e um tempão de fuzarca como a atual Festa Nacional do Pinhão. Por isso o Monumento ao Tropeiro em Frente ao Parque aponta o caminho a seguir naquele tempo: Norte, rumo Norte ou, na melhor das hipóteses rumo Leste, onde um belíssimo Litoral "cheio de abrobreiras na beira da praia" espera pelo tropeiro todo verão.

Na Terra dos Ramos o Corredor das Tropas tinha seus próprios ramos. A escolha do melhor ficava por conta da disposição festiva do tropeiro. Desde então, pouca coisa mudou nesse sentido por aqui. Afinal, estamos, de direito e de fato, na Terra dos Prazeres!
 

A CURIOSA ÁRVORE GENEALÓGICA DE ZÉ SALAMARGO

CORREDOR DAS TROPAS - COXILHA RICA - LAGES SC
 
 
Junto com Correia Pinto estiveram na Fundação de Lages em 1766 os fazendeiros José Raposo Pires e Manoel da Silva Ribeiro. Estes dois são os parentes mais antigos nestas na extra-oficial genealogia da figura carimbada. Pires recebeu um imenso quinhão de terras depois do Rio Canoas, hoje parte dos municípios de Ponte Alta e Curitibanos. Ribeiro se aquerenciou nos verdes campos coxinhins e adjacências, inclusive lá prás bandas de Painel e São Joaquim.


Um ano antes do início da Revolução Farroupilha (1834) cruzou o Passo de Santa Vitória, em êxodo, três famílias: a de José Domingues de Arruda mais as de dois amigos seus das Famílias Ribeiro e Camargo de nomes desconhecidos, com tudo que possui, principalmente, uma numerosa tropa de animais de várias espécies. Não havia mais terra à venda na Coxilha Rica, pois o tropeiro/carpinteiro Laureano José de Ramos já havia comprado a Fazenda Guarda Mor da viúva do sucessor de Correia Pinto, o Capitão Bento do Amaral Gurgel Annes, antes o responsável pela chave do cofre imperial da guarita do Passo.


Então José foi até Castro PR comprar terras de propriedade de outros fazendeiros. Nesse tempo a chave do cofre já estava nas mãos do caçula de Laureano, Vidal José de Oliveira Ramos, o Vidal Sênior. Então, o filho caçula de José, José Maria Domingues de Arruda, depois conhecido como Coronel dos Coronéis, encarregou-se de fazer a demarcação e o primeiro registro cartorário da Fazenda Guarda Mor, na época em Curitibanos. Até hoje Zé Salamargo não entende uma coisa: por que Laureano e José não deram atenção para a Lei Bíblica da Primogenitura? Por que escolheram, ambos, os filhos mais jovens como herdeiros principais? Talvez o livro da Professora Menoca, de São Joaquim, esclareça essa dúvida. Não deixe de ir ao lançamento desse fundamental livro genealógico dia 24 de maio corrente, na Arena Cultural da Festa do Pinhão!


Sem mais delongas, a Coxilha Rica (hoje 1/3 do território lageano) era naquela época o calcanhar que dava sustentação à Vila de Lages - cujo coração pulsava e ainda pulsa a quase 246 anos às margens do Rio Caveiras - e seu extenso território. Na guarita do Passo parte dos impostos imperiais eram pagos em cabeças de gado. Onde tinha e tem coletoria de impostos também têm fiscais. Nem precisa dizer, mas convém que seja dito, outra parte da tropa "em off" ia para a fazenda do fiscal em troca da pesada multa se houvesse diferença entre a quantia de cabeças de gado real e a declarada. Fiscal é fiscal, ontem hoje e sempre. As 85 Fazendas Antigas ainda estão lá para refrescar a memória de quem se dispuser conhecê-las.

sábado, 11 de maio de 2013

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Digamos, é um modesto mas importante sucesso desta página!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

FAMÍLIA ARRUDA NA POLÍTICA DE LAGES E DE SANTA CATARINA


INDALÉCIO ARRUDA NA GALERIA DOS PREFEITOS DE LAGES


O Deputado Estadual Indalécio Arruda, duas vezes Prefeito de Lages foi o político mais expoente da Família Arruda no âmbito municipal. Seu pai José Maria Domingues de Arruda ficou conhecido como "Coronel dos Coronéis da Coxilha Rica". Filho caçula de José Domingues de Arruda, José Maria demarcou a Fazenda Guarda Mor e fez seu primeiro registro no Cartório de Curitibanos. No levantamento de verbas pelos franciscanos ele doou 3 lingotes de ouro para construção da Catedral de Lages.


Indalécio Domingues de Arruda (Lages, 12 de julho de 1884 — Lages, 3 de maio de 1972) foi um advogado e político brasileiro. Filho de José Maria Domingues de Arruda e Águeda Dolores de Aguiar Arruda, bacharelou-se em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1910. Foi deputado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina na 12ª legislatura (1925 — 1927) e na 13ª legislatura (1928 — 1930). Foi prefeito de Lages, nomeado por Nereu Ramos, de 5 de janeiro de 1938 a 14 de maio de 1941 e de 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946.



No âmbito estadual também se destacaram:


O jornalista Rubens de Arruda Ramos (Lages, 3 de janeiro de 19131964) foi  advogado. Filho de Vidal Ramos Neto e de Maria Arruda Ramos. Formado em direito pela Faculdade de Direito de Florianópolis, em 1937. Iniciou sua carreira jornalística em 1933, no jornal República, órgão do Partido Liberal Catarinense. Em Florianópolis é homenageado com a designação oficial da Avenida Beira Mar Norte. O deputado Telmo Ramos Arruda (Lages, 21 de março de 1926) é um advogado e político brasileiro. Filho de Alfeu José de Oliveira Ramos e de Celina Arruma Ramos, bacharelou-se em direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi deputado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina na 7ª legislatura (1971 — 1975), eleito pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA).

Fontes Wikipédia:
  • Piazza, Walter: Dicionário Político Catarinense. Florianópolis : Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1985.
  • Ramos Filho, Celso: Coxilha Rica. Genealogia da Família Ramos. Florianópolis : Insular, 2002.

GÊNESIS DA COXILHA RICA – UMA SUCESSÃO DE VÁRIOS ABRAÃOS


Fazenda Guarda Mor com Vidal Ramos Senior na janela do piso superior


O cruel e pecaminoso bandeirante paulista, Capitão Mor Antônio Correia Pinto de Macedo, igual Adão, já conhecia bem a edênica e paradisíaca Serra Catarinense, situada entre o Sertão de Curitiba e cima da Serra de Viamão. Já conhecia a Região em seu pioneiro Êxodo para fundar Lages. Trouxe consigo 82 pessoas para povoar as 16 fazendas dos Campos de Cima da Serra. Coube a um destes, Bento do Amaral Gurgel, o levítico mister de cuidar de abastecer o sempre cheio faraônico cofre do Império Português com os tributos tropeiros  no Passo de Santa Vitória. Por conta disso, Bento recebeu um imenso quinhão de terras na Fazenda Guarda Mor durante o primeiro Assentamento Serrano.
Tal qual a viúva de Potifar, a viúva de Bento se agradou o fecundo tropeiro e carpinteiro Laureano José de Ramos, oriundo de São Miguel (atual Biguaçú), durante uma reforma ou reconstrução da insaciável guarita. A ele vendeu suas terras da Fazenda, nas quais Laureano descobriu, ao demarcá-las, a existência de áreas devolutas ao lado e as requereu para si. Construiu ali uma bela mansão e, enganado como Isaque, abençoou seu filho mais novo Vidal José de Oliveira Ramos (O Vidal Sênior) como herdeiro. Astuto e politizado, Vidal caiu nas graças do Imperador Dom Pedro II, que o nomeou seu representante regional, dando início à epopéia política da Família Ramos que durou mais de dois séculos.
Lá no Rio Grande do Sul, começavam os primeiros entreveros entre ideólogos republicanos e monarquistas ao chegar notícias sobre os desdobramentos europeus da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas. Três fazendeiros, amigos e vizinhos na efervescente Caçapava do Sul, resolveram ficar de fora dos embates que redundariam na Revolução Farroupilha e tomaram rumo Norte pelo Corredor das Tropas, atravessando o Passo de Santa Vitória com tudo que possuíam, a exemplo de Abraão e Ló, com imensa quantidade de cabeças de gado. José Domingues de Arruda ainda conservava uma bruaca cheia de lingotes que herdou de seus antepassados, mineiros do Ciclo do Ouro nas Minas Gerais. Com ele um parente de Manoel da Silva Ribeiro, este do grupo pioneiro, aqui assentado pelo Capitão Mor. O terceiro era Camargo. Para completar a lista chegou o patriarca Leandro Luís Vieira.

Complementando o Gênesis, bem mais tarde chegou em Lages o italiano Tito Bianchini com malas e cuecas cheias de dinheiro, igual o Jorge Bornhausen e aquele pastor no Aeroporto. Comprou mais de 100 milhões de campo na Coxilha. Os Arruda & Cia já haviam gasto tudo em carreira de cavalo nas raias do Conta Dinheiro e do Jockey Club e fechado bordeis por semanas e semanas no Triângulo. A maioria dos descendentes deles já estava morando em algum arrabalde da cidade, quase de tanga e a 85 Fazendas Antigas trocado de mãos várias vezes...
Fiquemos por aqui. Quem quiser saber mais detalhada essa História recomendo o volume II de Genealogia Tropeira, organizada por Cláudio Nunes Pereira e Abra e Ache, em livro e revista organizada por José Gualberto G. Costa.