quarta-feira, 31 de agosto de 2011

REVOLUÇÃO FARROUPILHA E FAMÍLIA ARRUDA - TUDO A VER!

NAPOLEÃO

GIUSEPPE GARIBALDI

ANITA GARIBALDI



BRASÃO FARROUPILHA

DURANTE A REVOLUÇÃO FARROUPILHA


Desde que a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas sacudiram a Europa e na América do Norte os Estados Unidos se “emanciparam” do Império Britânico o sistema de governo republicano virou moda. D. João VI veio refugiar-se no Brasil em 1808. Em 1817 Napoleão tentou fugir da Ilha de Santa Helena para o Pernambuco, porém a fuga fracassou. O italiano Giuseppe Garibaldi teve mais sorte, trouxe em sua bagagem os ideais republicanos e encontrou aqui uma província brasileira cheia de gringos, seus patrícios, e um cenário de guerra contra o Império Brasileiro, a República Rio Grandense proclamada em setembro 1836.

Após ser invadida pelos gaúchos sob o comando de Mariano de Mattos, Ministro de Guerra Farrapo, e incorporada ao Rio Grande do Sul, em março de 1839, por iniciativa de Inácio de Oliveira e com apoio de Serafim de Moura até janeiro de 1840 Lages era a “República Lageana”, a primeira em Santa Catarina. Em setembro de 1839 Garibaldi e Canabarro proclamaram a República Juliana em Laguna.  

Datas e fatos históricos interligados e de suma importância para nossa Serra Catarinense. Se o resultado da Revolução Farroupilha - após quase 10 anos de luta - tivesse sido um sucesso qual seria hoje nossa realidade econômica? Estaríamos nós vivendo num país menor, a exemplo do Uruguai, num país mais politizado e - por quê não dizer - mais culto e próspero? Onde a República fracassou? Basta cavocar na História escrita e oral que as respostas aparecem.

172 anos depois estamos novamente reverenciando aqueles tempos turbulentos e efervescentes pelos quais passaram nossos antepassados. As brigas lá no Rio Grande foram deflagradas pelos grandes fazendeiros, estancieiros, herdeiros de Sesmarias, ricos pecuaristas que não queriam pagar os abusivos impostos imperiais sobre o charque e o couro, seus principais produtos no mercado, transportados por mar e por terra pelo Corredor das Tropas que por aqui passava. Se lá na imensa planície gaúcha havia divisão ideológica entre Império ou República, aqui na Serra Catarinense não seria diferente. Aqui a maioria dos grandes fazendeiros da Coxilha Rica, gente que mandava politicamente e detinha o poder econômico não deu apoio.

A República e a bandeira farroupilha aqui só tremulou embalada pelo Minuano por alguns meses. Lages era uma importante fronteira a ser defendida. E foi. Até o dia do fracassado entrevero no Capão da Mortandade em Curitibanos diante das forças imperiais. Então tivemos que esperar até novembro de 1889 para ver novamente as cores de uma bandeira republicana e ver a derrocada do Império. Demorou não? 

Que isso tem a ver com a Família Arruda? Tudo. Três pacíficos fazendeiros, que se presume fossem de ideais republicanos pela rebeldia nata que caracteriza as Famílias Arruda, Ribeiro e Camargo, moradores da Grande Porto Alegre daqueles tempos, mais precisamente de Triunfo e Caçapava do Sul, estavam no olho do furacão. Mesmo antes de deflagrada a Revolução já havia muita animosidade e desavenças entre republicanos e imperiais. Juntando as três famílias, pertences em geral e muitos animais seguiram no final de 1833 pelo Corredor das Tropas, tomando o rumo da Coxilha Rica. Uma troca da verdejante planície gaúcha por um planalto verdejante e igualmente belo em busca de paz e prosperidade. Bem ao contrário do que haveria de acontecer em breve, quando o Passo de Santa Vitória haveria de tornar-se o palco de uma das batalhas mais sangrentas da Revolução, com a vitória do Capitão Gavião e seus Lanceiros Negros.

Do lado catarinense, entre outros líderes revolucionários lageanos destacava-se o Tio Antônio de Anita Garibaldi, que teria influenciado a sobrinha adolescente nos ideais republicanos. Talvez, isso mesmo, talvez, aí resida o motivo de Anita se declarar lagunense ao se casar com Giuseppe no Uruguai: vergonha de ser lageana, pela falta de apoio ao Movimento pelo qual ela tanto lutou e não viu prosperar nestes verdes campos de Cima da Serra. Nossa República durou pouco, muito pouco e pouco se sabe sobre ela. Um quebra-cabeça que consome tempo de pesquisadores, historiadores e genealogistas atuais, que teimam em remontar fatos, e recontar acertos e desacertos daqueles tempos difíceis e cruéis.

Hoje é preferível ver ou pensar nossos ancestrais empunhando suas armas ao lado de Anita, mas a História pode não nos ser muito favorável. Não tem nenhum deles, fantasmagórico, que venha agora soprar a verdade dos fatos em nossos ouvidos, já que a História é cheia de versões e escrita a favor do lado mais forte. A Revolução Farroupilha foi uma briga de rico que ficou famosa por conta dos guerreiros esfarrapados, ou seja, dos pobres. Tanto faz República ou Monarquia. Sempre haverá reclamação por conta de altos impostos, a menina dos olhos de qualquer tipo de Governo, pois todos eles são leitores assíduos da cartilha de Machiavel.  Não é mesmo?             



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