sexta-feira, 10 de maio de 2013

GÊNESIS DA COXILHA RICA – UMA SUCESSÃO DE VÁRIOS ABRAÃOS


Fazenda Guarda Mor com Vidal Ramos Senior na janela do piso superior


O cruel e pecaminoso bandeirante paulista, Capitão Mor Antônio Correia Pinto de Macedo, igual Adão, já conhecia bem a edênica e paradisíaca Serra Catarinense, situada entre o Sertão de Curitiba e cima da Serra de Viamão. Já conhecia a Região em seu pioneiro Êxodo para fundar Lages. Trouxe consigo 82 pessoas para povoar as 16 fazendas dos Campos de Cima da Serra. Coube a um destes, Bento do Amaral Gurgel, o levítico mister de cuidar de abastecer o sempre cheio faraônico cofre do Império Português com os tributos tropeiros  no Passo de Santa Vitória. Por conta disso, Bento recebeu um imenso quinhão de terras na Fazenda Guarda Mor durante o primeiro Assentamento Serrano.
Tal qual a viúva de Potifar, a viúva de Bento se agradou o fecundo tropeiro e carpinteiro Laureano José de Ramos, oriundo de São Miguel (atual Biguaçú), durante uma reforma ou reconstrução da insaciável guarita. A ele vendeu suas terras da Fazenda, nas quais Laureano descobriu, ao demarcá-las, a existência de áreas devolutas ao lado e as requereu para si. Construiu ali uma bela mansão e, enganado como Isaque, abençoou seu filho mais novo Vidal José de Oliveira Ramos (O Vidal Sênior) como herdeiro. Astuto e politizado, Vidal caiu nas graças do Imperador Dom Pedro II, que o nomeou seu representante regional, dando início à epopéia política da Família Ramos que durou mais de dois séculos.
Lá no Rio Grande do Sul, começavam os primeiros entreveros entre ideólogos republicanos e monarquistas ao chegar notícias sobre os desdobramentos europeus da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas. Três fazendeiros, amigos e vizinhos na efervescente Caçapava do Sul, resolveram ficar de fora dos embates que redundariam na Revolução Farroupilha e tomaram rumo Norte pelo Corredor das Tropas, atravessando o Passo de Santa Vitória com tudo que possuíam, a exemplo de Abraão e Ló, com imensa quantidade de cabeças de gado. José Domingues de Arruda ainda conservava uma bruaca cheia de lingotes que herdou de seus antepassados, mineiros do Ciclo do Ouro nas Minas Gerais. Com ele um parente de Manoel da Silva Ribeiro, este do grupo pioneiro, aqui assentado pelo Capitão Mor. O terceiro era Camargo. Para completar a lista chegou o patriarca Leandro Luís Vieira.

Complementando o Gênesis, bem mais tarde chegou em Lages o italiano Tito Bianchini com malas e cuecas cheias de dinheiro, igual o Jorge Bornhausen e aquele pastor no Aeroporto. Comprou mais de 100 milhões de campo na Coxilha. Os Arruda & Cia já haviam gasto tudo em carreira de cavalo nas raias do Conta Dinheiro e do Jockey Club e fechado bordeis por semanas e semanas no Triângulo. A maioria dos descendentes deles já estava morando em algum arrabalde da cidade, quase de tanga e a 85 Fazendas Antigas trocado de mãos várias vezes...
Fiquemos por aqui. Quem quiser saber mais detalhada essa História recomendo o volume II de Genealogia Tropeira, organizada por Cláudio Nunes Pereira e Abra e Ache, em livro e revista organizada por José Gualberto G. Costa.

          
   

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