terça-feira, 14 de maio de 2013

AS FORQUILHAS DO CORREDOR DAS TROPAS

CEMITÉRIO DE MORRINHOS - LAGES SC
 

Ao atravessar o Passo de Santa Vitória, no sentido Sul-Norte, o tropeiro pisava na Terra dos Ramos, a Fazenda Guarda-Mor e logo adiante tinha uma guarita de impostos federais esperando por ele. Ali deixava uns bons e graúdos Mil Réis ou Contos de Réis a depender do tamanho da tropa e uma parte da tropa em “on” e em “off” para escapar das multas dos malvados fiscais e funcionários da famigerada e faminta guarita imperial.

Mais adiante, lá pela altura da Fazenda Limoeiro (atualmente de Dom Raimundo Pinóquio) se encontrava a primeira forquilha do Corredor, que bandeava para à direita, rumo Leste, destinada ao uso daqueles que enveredavam rumo ao Litoral, passando pelo Painel, São Joaquim, Serra da Rio do Rastro até chegar em Tubarão e Laguna.

O caminho seguia em frente na direção da então Vila de Lages até a segunda encruzilhada, quando o tropeiro decidia se iria passar por dentro ou por fora da cidade. Se fosse por dentro tomaria rumo pela esquerda. Por fora pela direita (pelo Cajurú e Guará). Bem adiante os dois caminhos haveriam de se tornar um só. O da esquerda (bem mais tarde BR 2) era mais interessante pelo seguinte: quando chegava em Lages (Av. Santa Catarina) dava de cara com o glorioso Triângulo onde ávidas morenas esperavam ansiosas pelos pilas deles. Se o peão gostasse da brincadeira iria descansar e daria água para a tropa na Cacimba da Santa Cruz e a noitada festiva estava garantida nos dos casebres do chinaredo. Se tivesse “outras” preferências sexuais (estava chegando do RGS) tomaria rumo Leste (Avenida Dom Pedro II) à procura de um barranco para encostar a égua... ou uma prosa compadresca “mais carinhosa” com outro peão mesmo no imenso vassoural (Bairro da Várzea) até clarear o dia e seguir em frente.

Mal aparecia o Sol no horizonte, antes de seguir na longa e demorada viagem rumo ao Mercado de Sorocaba SP, todos os três, um esperando pelo outro, se encontravam na Cancha do Conta Dinheiro para carreiradas – onde as apostas juntavam um monte de dinheiro encima de um pala na Avenida Camões – e um tempão de fuzarca como a atual Festa Nacional do Pinhão. Por isso o Monumento ao Tropeiro em Frente ao Parque aponta o caminho a seguir naquele tempo: Norte, rumo Norte ou, na melhor das hipóteses rumo Leste, onde um belíssimo Litoral "cheio de abrobreiras na beira da praia" espera pelo tropeiro todo verão.

Na Terra dos Ramos o Corredor das Tropas tinha seus próprios ramos. A escolha do melhor ficava por conta da disposição festiva do tropeiro. Desde então, pouca coisa mudou nesse sentido por aqui. Afinal, estamos, de direito e de fato, na Terra dos Prazeres!
 

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